quarta-feira, 21 de abril de 2010

Reportagem sobre o Rio Colonial

O Globo Online está com uma reportagem digital muito interessante sobre o Rio de Janeiro colonial. Consiste em um passeio virtual por alguns pontos da cidade, apresentado por um pequeno video explicativo da sua importância histórica e arquitetônica e depois de fotos de seus pontos mais representativos.

Como hoje é aniversário de Brasília e eu vi no canal Futura uma apresentadora dizer que nenhum brasileiro questionaria a novacap como a escolha natural para o papel de centro político e administrativo do país, eu achei ótima essa iniciativa do O Globo, jornal carioca como eu.

Brasília é uma cidade projetada atendendo a ditames que estão presentes desde a primeira constituição republicana de 1891. Seus efeitos sobre o país foram dois, dos quais um eu não tenho muita certeza:
  1. Auxiliar a integrar a região centro-oeste e parte da região norte ao país, até então com desenvolvimento econômico fortemente focado no litoral. Não sei se foi a capital responsável por um impulso ao desenvolvimento econômico, já que não há forte ligação econômica de consumo entre o DF e seu entorno, mas sim dessas regiões com os polos de consumo do resto do país, já que há grande agroindústria na região.
  2. Isolar as chefias dos poderes do Estado da pressão popular, fortemente exercida no Rio de Janeiro, o qual é próximo de grandes e populosos Estados-membros que poderiam também exercer pressão e controle popular sobre os governantes e legisladores. Assim, Brasília é uma ilha.

Como projeto, Brasília é um monumento (do Niemeyer, que eu não gosto), e exclui a pobreza do seu interior, isolando-a nas suas periferias. Morar em BSB é caro e dificultoso para pessoas que não dispõem de salários compatíveis com o de servidores públicos federais de nível superior, e, dependendo do Poder a que servem, terão dificuldades em adquirir imóveis no plano piloto. Brasília é um projeto que de início excluiu aqueles que a construíram, os candangos, não havendo espaço nela para o que não pertença à uma utopia excludente.

Os cariocas são órfãos do posto de moradores da Capital da República? Talvez. Argumentar que a cidade não suportaria a estrutura administrativa federal é tolice, pois poderia crescer para abraçar esse desafio como outras capitais mundiais o fizeram. A questão é que uma capital federal próxima de seu povo, como caixa de ressonância cultural, ligada direta e rapidamente aos grandes parques industriais e agrícolas instalados do sul e sudeste, aos portos mais movimentados do país, não estava no projeto de um país que gestava nas entranhas dos seus círculos de poder um longo período de ditadura militar e de luta entre estes e aqueles que lutavam pela ditadura marxista.

Essa pequena matéria do Jornal O Globo serve para nos lembrar que sempre existiu uma outra via: a da liberdade representada por uma cidade que cresceu ao sabor dos séculos e da paixão de seus moradores - tanto ou mais do que da sanha obreira de seus governantes - tendo sido filha de uma impressionante empresa comercial que nos atirou ao Atlântico de tal forma que somos um povo Atlântico mais do que Latino Americano (e nessa atlanticidade incluo até os matogrossenses cujos produtos se vertem pelas estradas e rios até o mar), uma cidade de oportunidades de escrever vidas e histórias em liberdade. Somos a muy leal e heroica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Se hoje nos acusam de estarmos no caos, entendam que pode ser exatamente daqui que sairá a libertação.

http://oglobo.globo.com/economia/morarbem/info/rio_colonial/default.asp

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