O Museu Imperial em Petrópolis completa setenta anos e comemora com uma ampla revisão de seu acervo, digitalizando seus mais de 200.000 documentos e fotografando seus mais de 10.000 objetos, e colocando à disposição do público online. Não é algo que já esteja pronto para consulta, mas que levará pelo menos uma década para ficar completo. Será uma excelente fonte de consulta sobre o Primeiro e Segundo Reinados.
Outras atividades estão sendo feitas para agitar as visitas este ano, como Saraus onde atrizes vestidas como a Princesa Isabel e suas amigas recepcionam visitantes embalados por boa música, enquanto ilustram a visita ao museu.
A visita à bela mansão petropolitana é um passeio familiar adorável, mas que nos deixa um tanto decepcionados. Quando vemos nos livros de história e sites turísticos sobre a vida da nobreza européia nos séculos XVIII e XIX, somos apresentados a palacetes luxuosíssimos e no entanto a mansão da serra, passa uma idéia diferente, de que ali moravam pessoas reais, não no sentido de Realeza - me perdoem a palavra má escolhida - mas de realidade, de relativa simplicidade,considerando a fortuna e importância que possuíam no país.
Talvez isso nos faça entender a imagem mágica que o Imperador D. Pedro II tinha junto à população mais pobre e mesmo entre a classe média (se é que ela existia como a entendemos hoje), e o amor à monarquia que estas classes devotavam.
Vemos o lado culto e erudito do Imperador, a vida familiar, os berços, pinturas sem grande importância como grandes obras de arte, mas que mostram relações humanas interessantes como a da Princesa e sua ama de leite, salas de costura, o leito matrimonial, enfim, traços de vidas onde a afetuosidade parecia presente e sem ostentações desnecessárias.
Peças como privadas e tinas de banho nos dão uma idéia da higiene no século XIX, e as roupas originais nos mostram as complexidades do vestuário e como este devia influenciar a postura física e os modos, pela própria forma como limitavam os movimentos corporais e impunham sofrimentos por temperatura e peso num clima tropical.
O Estado do Rio de Janeiro e sua capital tem uma tradição imperial, não há como negar. Capital da Colônia, Capital do Vice-Reino, Capital da Metrópole enquanto a família Real Portuguesa aqui esteve, e Capital Imperial ostentando a burocracia da Côrte, existem laços que não podem ser cortados jamais e que estão no imaginário do povo e mesmo na sua alma.
O Império se encontra presente não apenas nos museus, mas nas nossas ruas, nas nossas igrejas e na nossa paisagem, e até nos nossos gostos e formas de falar, que receberam forte influência lusitana. Nos encontrarmos com essa herança, atestarmos a nossa singularidade, pode nos dar força para lutar por nossos direitos frente à federação que hoje parece procurar uma vingança histórica contra nós numa luta fratricida,que agora se plasma na retirada de nossos direitos constitucionais sobre a exploração do petróleo nos mares e plataforma continental.
Busque-mos na alma fluminense e carioca a força de superação.
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